Um
casal foi preso em flagrante em Pernambuco após tentar vender a própria
filha, de dois anos, por R$3,5 mil e mais um notebook. A mãe, T.B.P,
32, anunciou a criança numa rede social e alegou que pretendia usar o
dinheiro para viajar para a Europa, onde ganharia a vida se
prostituindo. Foi ela que ficou à frente das negociações via internet,
aumentando a “cotação” da filha, mas foi o pai, P.R.A.F, de 41, quem
entregou a menina à universitária Sandrine Costa Ananias, 24 anos, que
denunciou o crime e estava acompanhada por policiais disfarçados.
O caso só foi descoberto porque a
estudante de assistência social, que reside em Campina Grande (PB),
encontrou informações sobre a criança em uma página de adoções e passou a
fazer negociação com a mãe, via Facebook. Em princípio, a universitária
pensou se tratar de mais um caso de mãe carente, querendo pais adotivos
para a filha. Mas, durante os entendimentos via internet, a
universitária descobriu o verdadeiro objetivo da mãe, que chegou a
cobrar R$ 5 mil pela criança. Ela, então, levou o caso à polícia civil
da Paraíba.
Feita a denúncia, agentes da polícia
civil da Paraíba e de Pernambuco conseguiram flagrar o casal, na noite
da última sexta-feira. Como foi acordado com a universitária, a mãe
estava em uma estação de metrô em Jaboatão de Guararapes, na Região
Metropolitana de Recife, e, após entedimento sobre a negociação, todos
foram até um supermercado próximo, onde o pai os aguardava com a menina.
O casal foi enquadrado no artigo 238 do
Estatuto da Criança e do Adolescente, que estipula pena de até quatro
anos de prisão para quem entregar filho, mediante pagamento. À polícia, o
acusado disse que não ia entregar a menina, mas aplicar um golpe e
fugir com o dinheiro. Já a mãe, que é manicure, alegou, em depoimento na
Delegacia de Defesa e Proteção da Criança e do Adolescente (DPCA), que
não tinha como trabalhar a cuidar da menina ao mesmo tempo, e que estava
sem condições financeiras para sustentá-la. Ela e o marido são do Rio,
mas moram em Pernambuco. Como não conseguiram pagar a fiança, arbitrada
em R$ 15 mil para cada, eles foram encaminhadas para presídios no
estado. Já a menina, e a irmão de cinco anos, foram levadas hoje para um
abrigo.
Segundo a delegada Nercília Dantas
Quirino, da delegacia da Infância e da Juventude da Paraíba, apesar de a
mãe ter informado no Facebook que queria o dinheiro para viajar e se
prostituir, na delegacia ela alegou apenas “dificuldades financeiras”.
— A gente percebe uma certa ansiedade
por dinheiro e em entregar a menina — afirmou Nercília, que disse ter
ficado surpresa com a frieza dos pais. — Em nenhum momento ela chorou
mostrando algum tipo de sentimento pela vítima. Chorar mesmo, só quando
percebeu que tinha sido presa.
Diante da frieza do casal, o delegado
Geraldo Costa, da DPCA, afirmou que vai averiguar se, de fato, eles são
pais da criança. Segundo ele, a mãe esperava receber R$1,5 mil no ato de
entrega da criança, juntamente com um notebook. O resto seria pago em
dez prestações de R$ 200. Já o homem confessou ter conduzido as
negociações através de um perfil falso no negociou a menina em nome da
mulher. O delegado descobriu que ele tem contas a ajustar no Rio, onde
cumpria regime semiaberto, quando decidiu fugir para Pernambuco com a
companheira. A menina também nasceu no Rio.
— A mãe ofereceu a filha, dizendo que
queria entregar para doação. Só que, nas conversas com a denunciante,
ela começou a dizer que precisava de dinheiro. Chegou até a anunciar que
desistira da entrega para a denunciante, alegando ter encontrado quem
oferecesse mais dinheiro. Que entregaria a quem oferecesse mais. Depois
de muita conversa via Facebook, a paraibana conseguiu fechar o “negócio”
com a manicure por R$3,5 mil e um notebook e avisou à polícia. Ela,
então, foi ao local marcado com a mãe, em companhia de policiais
disfarçados, dos dois estados.
Este é o segundo caso de venda de
crianças investigado pela polícia pernambucana em menos de um mês. No
dia 27 de agosto, o Ministério Público de Pernambuco recebeu inquérito
da polícia civil, investigando uma universitária de 19 anos, que tentou
vender seu bebê por R$ 50 mil pela nternet. Mas o bebê nasceu morto em
uma maternidade privada da capital, e a venda não foi concluída.
O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário